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Os dois pesos e duas medidas da Ferj
A bola deve rolar pelo Campeonato Carioca de Futebol de 2023, apenas lá pelo dia 14 de janeiro, mas a crise já está instalada na sua organização. O Carioca a cada ano perde em dimensão e entusiasmo. O resultado imediato é a falta de atratividade, que distancia o torcedor do estádio, ou seja, há um esvaziamento, que só aumenta com o passar dos anos. E o capítulo mais recente desse folhetim desenvolve uma trama entre a Ferj, organizadora do evento, e três grandes clubes do Rio: Botafogo, Vasco da Gama e Fluminense.
Depois de noticiado pela mídia carioca que Flamengo receberia o dobro do valor (R$ 18 milhões) pago a Vasco (R$ 9 milhões) e Botafogo (R$ 9 milhões) pela transmissão na TV, o Glorioso que se encontrava em Londres para o amistoso com o Crystal Palace emitiu uma nota oficial anunciando “que decidiu não assinar o modelo comercial proposto pela Ferj para a transmissão do Campeonato Carioca”.
O Vasco já se posicionara anteriormente também contra o modelo em informe, tecendo críticas à Ferj, quando “lamenta a condução do processo e defende que os cubes se unam em prol de interesses coletivos”. O Fluminense também não aceitara o modelo.
Mas, só após a nota do Botafogo, a Ferj se manifestou publicamente, neste domingo, 4, desferindo pesadas críticas contra o alvinegro carioca. A Ferj se diz “sempre aberta ao diálogo” e afirma que “o acordo dos direitos de transmissão para o Campeonato Carioca de 2023, capitaneados pela Brax Sports Assets, ainda está em negociação – tanto com os clubes quanto com as emissoras interessadas no produto”.
Sobre o Botafogo, a Ferj sem citar o nome do clube diz: “Lamenta e repulsa a precipitada exposição e acusação de “obscuridade” nas tratativas dos direitos comerciais do Campeonato Carioca por se afastarem da verdade, assinadas por um filiado, cuja presença tem sido assinalada nas respectivas reuniões e exercido seu direito de voto e voz”.
Depois de Vasco e Botafogo não aceitarem a metade do valor que seria pago ao Flamengo, o rubro-negro interrompeu as negociações com Ferj e Brax para a transmissão do Carioca. Segundo Gilmar Ferreira do jornal “Extra”, o presidente do Flamengo, Rodolfo Landim, que está no Qatar, mandou suspender a formalização do acordo com a Ferj e a Brax.
O aceite de Botafogo e Vasco pelo acordo do pagamento de R$ 9 milhões prometido pela Brax aconteceu antes do comprometimento da Ferj em pagar R$ 18 milhões ao Flamengo. Segundo a coluna de Gilmar Ferreira, antes do embarque do presidente do Flamengo para o Qatar, o presidente da Ferj, Rubens Lopes, que foi reconduzido ao cargo no início deste ano para mais quatro anos de mandato, convidou Landim para um almoço, para tratar do assunto. Landim teria explicado não poder aceitar R$ 9 milhões, pois em 2020 havia recusado o dobro da Rede Globo. Diante da alegativa, o mandatário da federação teria oferecido os R$ 18 milhões.
Essa é a forma transparente de agir, alegada pelo presidente da federação, na nota em que ataca a nota do Botafogo de “ofensiva, leviana e completamente distante da verdade”?